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Mais do mesmo, só que não

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Uma das causas da acanhada competitividade de nossas empresas é sua baixa produtividade. Logo, há muito espaço para melhoria de seus Processos. Como dizem: “em terra de mato alto, quem tem foice cega é rei”.

Além disso, temos como causas estruturais como infraestrutura precária, altos impostos e encargos sociais desproporcionais. Eliminá-las diminuiria o alto custo da produção e logística, aumentaria a base de arrecadação, geraria empregos e consequentemente e brindaria o mercado com um alto poder de compra. Além de nos tornarmos mais competitivos perante o agressivo mercado internacional.

Mas, infelizmente, não temos mais tempo nem recursos para esperar por estas reformas. Resta-nos então trabalhar a produtividade, mesmo que encurralados pelos altos custos de produção. Temos que remar mais e mais, mesmo que a maré não esteja a nosso favor e que tenhamos que dar carona a vários e enormes esquiadores.

A Inovação tem papel de destaque na recuperação da abatida indústria nacional. Porém temos que dar mais foco à inovação de Processos. Entendemos que a importância dada à Inovação de Produtos seja coerente, pois em um mercado retraído, empresas com produtos ou serviços inovadores tem melhores condições de se destacar e atrair uma demanda tão escassa e seletiva. Mas inovar em Processos é algo tão ou mais importante. Principalmente quando temos um legado de indústrias desposicionadas, à beira de encerrar suas atividades. Além da premente necessidade de absorção de mão-de-obra em grande quantidade. Em ambos os casos, somente a geração de produtos e serviços inovadores não propiciará a velocidade necessária.

Além disso, mesmo que se inove em Produtos, não se pode levar adiante uma empreitada sem a aplicação de processos enxutos, com alta produtividade e eficiência. Caso isto aconteça, a iniciativa estará fadada a desabar no momento seguinte, vítima do mal comum da baixa produtividade, assistindo passivamente seu produto ou serviço virar commodity precocemente.

Neste contexto, como estariam então as empresas que produzem “Mais do Mesmo”? Será que elas teriam alguma chance? Pois é justamente este ponto que gostaria de abordar. Voltamos então a Inovação de Processos, muitas vezes relegada a segundo plano. Torna-se imprescindível olhar para dentro da empresa com a visão do cliente, enxergar o real objetivo de cada uma das áreas da empresa contextualizando suas atividades com a visão ponta-a-ponta. Esta postura destacará a empresa. Ela não estará necessariamente produzindo algo inédito, mas será diferenciada pela forma como faz, comercializa, compra, entrega, divulga, apresenta, como entende o mercado onde atua ou ainda, como encontra novos mercados.

Deixo então algumas perguntas: sua empresa é inovadora? Em que sentido? Somente seus produtos são inovadores? E seus processos? Ou ainda, você tem a intenção de empreender? Será que criar uma empresa que ofereça “Mais do Mesmo”, mas que inove em processos, não seria uma boa ideia?

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O líder que transpirou (e inspirou!)

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Sempre foi do bem, sempre foi atrás, nunca esperou.

Desde que se entende por gente, contribuiu, fez questão de fazer o melhor, mesmo que ninguém estivesse reparando. Seguia o conselho da mãe: deixe melhor do que encontrou. No pai enxergou o esforço, a persistência, a competência e o gosto pelo trabalho.

Este camarada não se importa em admitir que não sabe. Não se faz de rogado, vai lá e pergunta! E não interessa se é superior, subordinado, diretor, servente. Aliás, para ele, hierarquia não representa ser, representa estar.

Nunca rejeitou desafios. Pelo contrário, sempre foi atrás deles. O ontem não conta, já passou. Hoje é o que importa para que o amanhã seja enfrentado de frente, com força.

Certa vez, ao ser convocado para resolver um grave problema na empresa, resolveu chamar todos de sua equipe para a primeira decisão. Detalhe: ele não tinha a mínima ideia do que iria fazer. Começou ouvindo a todos. Foi alinhavando os argumentos, arrematando as ideias, instigando os sentimentos, captando as mensagens que saíam das feições, das mentes de seus liderados. Não era a primeira vez que utilizava esta dinâmica. Mas desta vez sua antena estava captando algo novo, algo que o desafiava, mas não sabia exatamente o que era. Na verdade, seu time começava a duvidar de sua capacidade de resolver problemas. Para ele aquilo era um bom sinal. Um orgulho até, pois as criaturas começavam a desafiar o criador. Um momento que sabia que iria acontecer, mas para o qual não havia se preparado. Era uma ótima chance para crescer junto com os pupilos.

Há muito não atuava na camada operacional. Não de modo empolgante como começo da carreira. Sentia muita falta disso. Conceber, planejar e executar! Isto, sim, o realizava.

Pensou, pensou e resolveu aproveitar aquela sacola de limões para quem sabe fazer litros de limonada. E se invertesse os papeis? E se seus liderados se organizassem para estruturar as decisões eles mesmos? E se ele se colocasse nas várias funções operacionais, seguindo as orientações dos "chefes"? Com certeza, não seria fácil, pois as rotinas operacionais não eram simples, assim como gerenciar e liderar era algo novo aos membros da equipe.

Objetivos e metas estabelecidos, lá foram líderes e liderado enfrentar a crise empresarial. Assumir desafios com uma visão diferente era uma grande oportunidade. O líder transpirou, transpirou muito, como nunca havia feito antes. Por outro lado, os liderados experimentaram a inspiração a um nível a que nunca haviam sido submetidos. Sentiram na pele a pressão de decidir, de conduzir. Já o líder percebeu que havia vários aspectos a melhorar na operação, pontos que farão a diferença entre apenas executar e realizar, se esmerar.

O líder, transpirando, inspirou os liderados. Quando voltarem às suas posições estarão transformados. Nunca exercerão suas funções na simplicidade de suas atribuições. Não são mais os mesmos. Cresceram juntos. Agora têm o que é necessário para continuar evoluindo, pois reconhecem uns nos outros o valor de suas competências.

Podem ter certeza, se persistirmos, formos competentes, gostarmos realmente do que fizermos e trabalharmos forte, deixaremos as coisas bem melhores do que quando as encontramos.

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A experiência do cliente

Por Carlos Eduardo do Nascimento

De Brunos, Kellys e Danieis.

Compramos um fogão novo. Mesmo modelo, medidas diferentes. Normal. Bora atrás de um marceneiro para acertar o armário. Indicação feita, liguei para Daniel. Coitado, com serviço que não acaba mais, mas com uma boa vontade gigante, sugeriu vir dar uma olhada à noite. Bate a campainha, é Daniel, às 22:00 para me atender. Ficou de voltar no outro dia, no mesmo bat horário. Não conseguiu, o funcionário havia levado a chave da marcenaria. Veio ontem de manhã bem cedo e acabou o serviço. Conversa vai, conversa vem, combinei com ele replanejar o quarto de minha filha mais nova.

Falando em cozinha, depois de anos, resolvemos dar um tapa nela. Fast shop, vendedora Kelly. Hoje não se compra mais nada sem consultar a internet. Assim fiz. Foi com ela que comprei o fogão. O preço? Alguns trocados a mais. A experiência da compra? Essa sim não teve preço. Comprei o fogão, um microondas, um depurador e é provável que compre hoje uma máquina de lavar louças.

O microondas que comprei estava em exposição. O pessoal do empacotamento o embrulhou em plástico bolha e ficou bem desajeitado para carregar. A princípio iria trazer o carro até as docas do shopping para carregar. Então entrou em ação Bruno que saiu de trás do balcão e insistiu em carregar o pacote até meu carro. Meu carro estava no estacionamento externo, perto da BR 277. Disse a ele para esperar no estacionamento junto ao shopping. Mas não teve jeito, ele com toda disposição do mundo foi até o carro. Final da conversa, ele está em começo de carreira, seus próximos passos são o caixa e fazer parte da equipe de vendedores. Entreguei meu cartão a ele e vou ajudá-lo em sua carreira no que puder.

Tô me sentido leve, satisfeito. Mais um cliente satisfeito.

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Quem compartilha compromete

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Conhecimento não é pra ficar enclausurado, protegido, lacrado, como se fosse sua arma secreta.

É um bem precioso, com certeza. Você batalhou e continua batalhando para acumular esta bagagem teórica e prática. Usou de várias estratégias, tentou, acertou, errou, absorveu, adaptou, melhorou, por vezes quase desistiu. Mas o resultado foi sensacional: tornou-se especialista. Parabéns, só você saber fazer. E agora?

Agora o negócio é multiplicar os resultados brilhantes de seu esforço. Ou você pensa que sozinho vai conseguir chegar a algum lugar? Lembre-se que seu conhecimento não surgiu assim, do nada. Você se utilizou da massa cinzenta de outros para esculpir sua obra-prima. Leu, observou, perguntou, recebeu muita coisa mastigada. Então, este é o momento de retribuir!

O mesmo serve para os momentos de indecisão, de dúvida, para os desafios do dia-a-dia. Se você está passando por cenários de dificuldade, não tenha receio. Apresente a situação, chame seus pares, seus subordinados, sua esposa, seu marido, seus filhos. Estas pessoas serão afetadas e tem o direito de participar das decisões. Irão contribuir com sua experiência. A ótica de terceiros vai enriquecer sua visão sobre o problema. Vai identificar suas causas como um prisma que separa as cores da luz. Resolver o bendito é mera consequência. Consequência de um trabalho a n mãos, compartilhado!

Você frequentemente ocupará um dos dois lados da gangorra. Às vezes terá o prazer de doar. Em outras terá a grande oportunidade de se aproximar de pessoas e lhes proporcionar o mesmo prazer. O resultado será o envolvimento de todos, a entrega, o comprometimento sincero.

Compartilhar conhecimento e dúvida. Esse é o segredo. A troca é o segredo.

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A barata da crise

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Uma máxima nos cenários de crise: enquanto a maioria chora, alguns vendem lenços. Pois é, então o negócio é se preparar pra vender os benditos.

O que se procura em momentos de crise? Em que pessoas e empresas estão dispostas a investir em épocas de vacas magras? Via de regra, produtos de baixo custo e alto valor. Infelizmente, é muito provável que seu produto não se encaixe nessa categoria.

A cadeia alimentar do mercado, assim como na natureza, aproveita os dilúvios, os cataclismas, para selecionar os que melhor se adaptam. Seriam os maiores, mais fortes? Muito provavelmente não. Exemplo nojento, mas válido, as baratas resistiram bravamente a diversas intempéries pelas quais o planeta passou.

Então, por analogia, aqueles que tem menor necessidade de recursos para sobreviver podem se dar bem. Uma empresa que aprendeu a identificar claramente sua cadeia de valor e dividi-la terá melhores condições de não somente sobreviver como crescer na adversidade. Transformou o dinossauro em várias baratas.

Menores unidades de negócio são mais ágeis. Especializar sua linha de produção, por exemplo, pode acarretar menores custos, impactando de maneira mais leve a empresa em uma mudança de rumos. Tanto em custo quanto em risco devido a implementação gradual de um novo processo produtivo.

Pense nisso. Será que não é o momento de repensar seu negócio? Sua empresa não seria mais resistente a estes momentos se sua estrutura não fosse tão engessada?

E pense muito bem, pois mesmo tendo uma dinâmica de produção pouco ágil sua empresa pode conseguir passar inteira pela crise. Mas imagine se pudesse ajeitar o leme mais facilmente. A crise se transformaria realmente em uma oportunidade.

Além disso, reserve forças para investigar seus processos para os momentos em que estiver produzindo com 100% de sua capacidade em uma maré mais favorável. Quanto mais enxuto o processo, menor a necessidade de recursos, menor seu custo. Isto será muito útil em um cenário adverso. Unidades menores com processos revisados e com custos reduzidos.

Até porque é provável que seu negócio tenha que se reinventar para descobrir qual seria o "lenço" da vez, algo alternativo que também acabe com o choro. Vender lenços já tá muito manjado.

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Gestão alienista

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Pensou diferente? Isolamento imediato!

Simão Bacamarte, personagem da obra de Machado de Assis, O Alienista, pensava exatamente assim. Baseado em seu grande conhecimento a respeito da loucura, criou a Casa Verde. Nela internava qualquer habitante que considerava ter comportamento fora do padrão. Vaidade, alegria, inveja excessivos eram rotulados como loucura. Naturalmente a casa lotou, causando revolta na cidade de Itaguaí. No final mudou seu conceito, considerando louco somente aquele que não tivesse esses "desvios", pois admitiu que tais posturas eram normais. Resultado: somente ele acabou internado na casa e faleceu ano e meio depois.

Procure então transportar este cenário para seu dia-a-dia, no trabalho, em casa. Quantas vezes não isolamos pessoas que não pensam exatamente como a gente? Os internamos em nossa Casa Verde até que comecem a aceitar nossas ideias, nossas crenças. E a maioria delas continua com seus conceitos, suas convicções. Ficarão lá pra sempre. Por outro lado também somos isolados por outros pares. Nossos colegas, superiores, nossos filhos, amigos. Por vezes provocamos situações por orgulho ou ego, custando a admitir que outros podem ter ideias boas.

Consideramos "normais" somente aqueles que concordam plenamente com nossas posturas. Algo que formamos por termos passado por experiências só nossas, únicas. E é óbvio que as crenças que cultivamos podem divergir das de outros. Afinal de contas, cada vida tem sua singularidade.

O espaço entre o que acredito e o que o outro acredita pode ser extenso, mas devemos tentar aproximar nossos pontos de vista, criar uma intersecção entre as ideias. Procurar respeitar argumentos alheios, mantendo nossa individualidade. Esta atitude exige boas doses de compreensão e argumento. Tanto pra se alinhar a outras cabeças quanto para convencê-las de que suas experiências agregam valor.

"Anormal" seria agir ou esperar que outros ajam como um camaleão, adaptando-se a cada cenário o tempo todo. Desse jeito não acontece a troca, não há reação, substâncias iguais não criam nada novo, não há crescimento.

Não acabe como Simão Bacamarte. Se insistir em pensar que o "normal" é apenas você, restará isolado de tudo e todos. Poder e autosuficiência na solidão não valem de nada.

Pra finalizar, cabe um clichê: não construa cercas nem muros, construa pontes.

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Amor, paixão e trabalho

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Não se trata de relacionamentos NO ambiente de trabalho. O foco da abordagem é amor e paixão PELO trabalho.

A paixão é o extrato do amor, início e ápice. E, via de regra, tem prazo de validade. Em um relacionamento geralmente tudo começa pela admiração, pela conquista, pelo enxergar-se no outro, ou completar-se nele. Com o passar do tempo, o dia-a-dia, a rotina vão consumindo a paixão. E só permanece na relação quem sabe cultivá-la e descobri-la repetidas vezes, todo santo dia, quem encontra motivação diária, envolve-se como se iniciando estivesse. Volta à cena o amor, causa e consequência, agora como paixão transformada, perpetuação do bem querer.

No trabalho não é diferente. A empresa ou iniciativa encantam pelas possibilidades, pelo método, pela gestão, pela proposta, por aquilo que já é ou tem grande chance de se tornar. O ímpeto da paixão pelo descobrir, conceber e realizar toma boa parte de sua dedicação. O dinamismo dos projetos encanta, abosrve. Não há nada ainda pra manter, pra dar continuidade. As ações concentram-se em inovação, os processos ainda não estão consolidados, os projetos tomam conta. Algo muito atraente e sedutor. É um ambiente fértil, rico em novidades. Excitante.

Pois então. Um dia tudo isso acaba. Os projetos se assentam e viram processos a serem mantidos. A partir do momento em que os objetivos são alcançados, os projetos acabam. Chega então a hora de apimentar a relação. De tirar o melhor que a rotina pode proporcionar.

Nesse ponto há que se considerar que até no "mesmismo" existem as pequenas vitórias. Similar à relação a dois, pode-se valorizar e cultivar as conquistas pouco a pouco. A flor que se leva à pessoa amada pode ser aquele "bom dia" caloroso, aquele elogio sincero no cumprimento de uma meta. Ou ainda, aquele conselho direto, que corrige os rumos. O cineminha no meio da semana pode ser o estímulo a novas ideias pra melhorar os processos, enxergando o desafio da cadeia de valor como um todo, ponta a ponta.

Reinventar-se em casa é uma arte assim como reinventar-se na empresa é questão de sobrevivência. Ser uma usina permanente de ideias e desafios é essencial. Diferencial competitivo é estar sempre à frente. Ter projetos comuns transforma o negócio do mesmo modo que a relação com seu par.

Finalmente, na relação às vezes é preciso reconhecer que os rumos podem ser diferentes. Talvez o par empresa-você tenha que se separar pra que cada um escreva sua história. Chegar a esta conclusão pode machucar, mas, assim como em uma poda, fortificará a ambos. Afinal de contas, as expectativas mudam, as fases de um e de outro podem ser diferentes.

Em tempo, não se esqueça de primeiro valorizar e amar a si mesmo. Autoestima é a base de qualquer relacionamento.

E você, como vai a relação amorosa com sua empresa?

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Ordenhando pedra

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Dentre as atividades da cadeia de valor de uma empresa, a venda é uma das mais importantes e sensíveis.

"Quem faz não vende". Como é triste ouvir isto. Fazer e ao mesmo tempo vender ficou no meio do caminho devido à necessidade de implantação de uma escala industrial. Antigamente o marceneiro anotava as demandas, projetava, orçava, vendia, construía, cobrava e entregava o armário. Seu prazer era distribuído em toda a cadeia de valor. A especialização fatiou o ciclo, dividiu responsabilidades, embutiu ruídos.

Eventuais acertos no processo eram rapidamente viabilizados. Não havia necessidade de expedição de ordem de serviço, comunicação interna, despacho. Atrasos devido a handoffs inexistiam, a não ser aqueles gerados por sua própria ineficiência. O artesão era cobrado pelo atendimento ao cliente, pela entrega. Aliás, sabia exatamente o que produzia, seu valor agregado, além de identificar claramente o seu cliente. O importante era fechar o ciclo desde a encomenda até a entrega. Ponta a ponta.

Bem, voltemos às vendas. Dois dos sintomas mais comuns decorrem justamente da formação de feudos organizacionais, bem como pelos indicadores individualizados que os perpetuam. A área de vendas não conhece os produtos e a produção ignora as reais necessidades de seus clientes. Isso pra ficar somente nessas duas áreas. Mas a maior cobrança geralmente recai sobre a área de vendas. E mesmo assim, esta área, em grande parte das empresas, é relegada a uma categoria secundária. Outra tristeza. Pois se não houver venda, não há produção, nem razão pra existência da empresa.

Então o vendedor tem que tirar leite de pedra, certo? Errado. Tem que tirar leite de vaca mesmo. E a vaca (empresa) tem que ter seu organismo inteiro voltado tanto pra produzir quanto pra VENDER leite. Quanto mais estiver enraigado o instinto vendedor em todos os colaboradores da empresa, maior será seu resultado. Quanto mais distribuído o conhecimento do processo de produção, maior qualidade o produto terá.

Conceito similar se aplica a concepção de novos serviços e produtos. A cultura inovadora deveria ser a segunda pele do colaborador. O intraempreendedorismo é essencial para as organizações, independente de tamanho. Olhos e mentes abertos e atentos pro mercado. Impossível no coração e viável na cabeça. Compartilhamento gera COMPROMETIMENTO. Facilitar e estimular esse ambiente deveriam ser preocupações fundamentais dos gestores da empresa.

Todos deveriam conhecer a cadeia de valor por inteiro, mesmo que ainda estejam inseridos em um modelo departamental, feudalizado. Deve-se permitir que cada um tenha condições de contextualizar a importância de sua parte no todo. Cabe dizer que a Gestão por Processos não é implementada da noite pro dia. Enxergar, gerenciar e implementar processos é uma arte. Fazer com que os colaboradores identifiquem seus clientes é outra ação primordial. Além, é claro, dar condições pra que conheçam, se apaixonem e divulguem seu produto ou serviço.

Enfim, o assunto é extenso e pode render várias crônicas.

Mas uma coisa pode-se afirmar sem medo: pedra não é a matéria-prima pra produção de leite.

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Programador, esse privilegiado

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Comecei minha carreira como programador. Me dediquei a produzir e entregar. A pensar no processo, nas ferramentas e no produto. A focar meus objetivos, o que precisava executar pra que o projeto tivesse pleno êxito.

Na ânsia de realizar, voluntária ou involuntariamente, eliminava o contato humano. Coisa chata essa de ficar se comunicando. Ainda mais na área de tecnologia. Bom mesmo era interagir com o computador. Aquele cara, apesar de seu jeitão frio, imponente, obedecia a tudo, sem reclamar. Não questionava, não ficava de mau humor. Uma maravilha.

Mesmo se tentasse me comunicar com seres da mesma espécie, seria complicado. Naquela época, a estrutura funcional de uma equipe de desenvolvimento de sistemas abrigava n níveis. Como programador, era raro ter contato com quem denominávamos "usuário". O prazer do contato humano externo à área de sistemas cabia exclusivamente ao analista de sistemas. Ruídos entre a especificação e o produto final eram corriqueiros. E ficávamos isolados, sem o rico benefício do choque de experiências. Nosso caldo de relacionamento era pobre.

Porém, ao longo do tempo, a bela arte da construção de código (programação) se aproximou de seu, digamos, cliente. Que coisa boa!!! Poder trocar ideias diretamente com quem utilizará o resultado de seu esforço. Produzir e apresentar. Ficou bom? Não? Pode deixar que eu altero! Que tal incluir esse botão aqui? Pode ser? Bacana!

Há quem questione os novos métodos de desenvolvimento de sistemas. Eu mesmo, dinossauro que sou, já os critiquei bastante. Hoje em dia com tantas soluções prontas e complexas, o espaço para desenvolvimento de sistemas inteiros está acabando. Planejamento e longos prazos pra entrega são raros. Há muito mais customizações (alterações no que já existe) do que grandes desenvolvimentos. Esta é a realidade da grande maioria das equipes de sistemas. Os ciclos diminuíram. Agilidade é a nova ordem.

Bom, voltando à minha carreira, progredi dentro da área técnica, passei por áreas e operacionais e de gestão, montei uma empresa, tive o prazer de acolher e formar profissionais. E a oportunidade de ter tido contato com pessoas nas mais diversas posições, com perfis variados. Desenvolvi habilidades comportamentais, de relacionamento.

Me faz pensar no privilégio que os profissionais de sistemas agora têm em poder estar mais próximos de outras cabeças desde o início de suas carreiras. Tenho imaginado quanto tempo não teria economizado em minha formação pessoal se tivesse tido essa chance.

Deu vontade de voltar a programar.

Abraço.

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Sinalizador dançarino

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Não faz muito tempo, enquanto passava por obras na estrada, observei um operário sinalizando um desvio. Olhei novamente e percebi que ele estava dançando enquanto balançava a bandeira de sinalização!

É bem provável que a atividade de sinalização não seja o sonho de consumo na carreira dos funcionários de uma empreiteira.

Há quem observe essa atividade e pense: que vida triste leva esse cara.

Mas o sinalizador estava extremamente contente. E fazia questão de demonstrar.

O que o movia? O que pensava naquele momento?

Difícil dizer ao certo. Mas me arrisco a dizer que este operário é o tipo de pessoa que consegue encontrar motivação nas mais simples atividades. É provável que vá longe estimulado pela satisfação de cumprir sua função, contextualizando a importância de seu ato para o resultado final da obra. Deve ter plena consciência disso.

Méritos pra liderança da equipe. Me parece que algo importante influenciou o comportamento do sinalizador. Imagino que alguém o tenha inspirado a tomar essa atitude. Algo que observou em seus pares, em seu líder.

Segui viagem com um sorriso no rosto. Volta e meia lembro da cena e volto a sorrir.

O sinalizador me inspirou também.

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Meta ou reconhecimento?

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Planejamento estratégico, ações, indicadores, metas. Instrumentos válidos pra se enxergar a organização como um todo. Modelos questionados por determinadas correntes, considerando o ambiente atual de mercado, extremamente dinâmico.

A participação do indivíduo dentro das ações desdobradas em novos projetos ou na gestão de processos passa pela percepção de sua real contribuição. Passa necessariamente pela consciência plena de seu propósito na empresa. Consciente dos "por quês", irá atrás dos "o ques" e consequentemente dos "comos".

Independente da eficiência dos métodos de gestão, gostaria de pontuar o fator reconhecimento. Nem sempre vem através do líder ou da alta gestão. A satisfação, por exemplo, pode surgir ao se receber aquele "obrigado" sincero vindo de um par, de um cliente. Pode valer muito mais que um bônus ou uma promoção conquistada como contrapartida ao atingimento de uma meta estipulada formalmente.

Aspecto difícil de medir, mas deveria estar na mira dos gestores. Avaliações tipo 360 graus captam boa parte do desempenho do colaborador neste sentido. Mas sempre haverá o intangível, aquilo que personifica a satisfação em praticar o correto, com prazer, com propósito.

Algo que conecta o colaborador à organização e à sua razão de ser, muito mais significativo. Muito mais forte.

Na maioria das vezes não são as metas que o movem, muito pelo contrário.

Com certeza, esse personagem satisfeito, completo, é o mais apto candidato a liderar. Já o faz, mas sem o título.

Lidera naturalmente.

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Aberto pra balanço

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Vai chegando o final do ano e, ato contínuo, começamos a montar o mosaico das aventuras vividas nos últimos 365 dias. O que planejamos e o que realizamos. Ou aquilo que nem imaginamos e aconteceu. Ruim ou bom, tanto faz.

Como "medir" seus sonhos? Como planejar e administrar os benditos? Como perceber que devemos substitui-los ou simplesmente desistir deles?

Que tal adotar técnicas de Gestão de Projetos pra desenhar e controlar nossos sonhos? Talvez dê certo, mas provavelmente a EAP (estrutura analítica do projeto) de sua vida seria tão ramificada que você se perderia em sua complexidade. Gestão de riscos, mapeamento de stakeholders, tempo, custo ... que loucura! Melhor deixa, como dizem.

Já sei, vamos focar no que fazemos no dia-a-dia, nos processos. Adote então Gestão de Processos pra administrar sua vida. Pense na cadeia de valor da sua vida, em quem são seus clientes, enxergue os processos ponta-a-ponta. Será que dá certo? Sei não. Seus dias são iguais? Você sempre levanta, toma café, escova os dentes, trabalha, almoça, volta, toma banho, janta, vai deitar? Os meus não. Outra técnica que vai pro espaço.

Minha humilde conclusão: não há PMBOK (práticas para Gestão de Projetos) ou CBOK (práticas para Gestão de Processos de Negócio) que resolva. Mesmo navegando em outras metodologias, estruturadas, ágeis e outras tantas, não existe manual ou corpo de conhecimento pra dar jeito na vida.

Abrir o sentimento e fazer o balanço é o que está a nosso alcance. Alguns KPIs (indicadores) bacanas: gargalhadas, olhares sinceros, novos amigos, lágrimas alegres, de alívio ou dor, gratidão, reconhecimento, beijos, abraços, vinhos, ondas, lembranças boas, viagens, reencontros, caminhadas, livros, faxinas na alma.

Mas o indicador que mais interessa no painel de controle da sua vida é a resultante do desempenho desses e de outros tantos KPIs. Algo que buscamos incessantemente, independente de condição social, raça, credo ou qualquer outra mera classificação que nos é imputada.

Fim em si, condição única, este indicador é o que comumente denominamos FELICIDADE.

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No ano que vem

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Vou aquietar a alma, arrefecer a ira

Subjugar a insanidade, domesticar a angústia


Vou dourar o desgosto, maquiar o pranto

Engolir a mágoa, menosprezar a perda


Vou abafar o rugido, amortecer o estrondo

Asfixiar o grito, sufocar a queixa


Vou encolher as garras, ajeitar a despensa

Depurar a alma, lustrar o sorriso


Vou tomar impulso, insuflar o peito

Irrigar ventrículos, adensar coragem


Vou escancarar ideias, desnudar intenções

Tagarelar desejos, alardear sonhos


Vou inspirar vontades, contagiar mentes

Espalhar atitude, instigar projetos


Vou reunir pares, somar meios

Arrebanhar ânimos, colar propósitos


Vou liberar o ímpeto, expandir a euforia

Desinibir o rompante, alforriar a mola


Vou realizar intentos, produzir consequências

Concluir jornadas, entregar verdades


Enfim,

vou serenar, desafiar,

unir e transformar.

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Por que não?

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Impossível na mente, viável no coração, concreto na ação


Desafiar a razão pode ser o melhor caminho

Pensar o inédito faz a diferença

Como se sabe, no impossível a concorrência é bem menor


Vão te esculhambar, te chamar de maluco

Não dê bola. Pé na jaca, acelera

Bom sinal. Quanto mais insano, melhor


Por que ninguém pensou nisso antes?

Aí é que tá a graça da coisa

Inverta a lógica, use o outro lado da cachola


Como fazer? Não é hora pra pensar nisso

Pense no resultado. Comece pelo fim

Ponha os pés pelas mãos. Com vontade


Se tem a mínima chance de dar certo, vale a pena

Faz primeiro, experimenta. Arrisca

Não precisa ser perfeito. Nem deve


Aliás, quanto antes testar, melhor

Se for pra dar errado, que seja o mais rápido possível

No começo o risco é baixo


Se der certo, aí sim

Comece a usar aquele lado chato e racional do instrumento que carrega em cima do pescoço

É hora de colocar as escoras


Mas não exagere. Não vai montar uma segunda Apple de cara

Conquiste pelo resultado. Aos poucos

O caminho é mais importante


O bacana é chegar ao topo sem saber

Realizar sem perceber

Acabou esse, começa outro.

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Da fadiga à resiliência

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Fadiga: "processo pelo qual os materiais perdem suas características iniciais devido a esforços repetitivos"

Resiliência: "a capacidade de um material voltar ao seu estado normal depois de ter sofrido tensão"

A princípio, um material após entrar em processo de fadiga não pode voltar a ser resiliente. A não ser que seja o material humano. Este sim, pode passar por vários processos de fadiga e voltar à sua forma original, recuperando então sua resiliência.

Com maior ou menor dificuldade, percebemos que pessoas têm a capacidade de sempre recomeçar. Ultrapassam as fadigas, as derrotas e se transformam, se reinventam.

A gente também sofre tensão, também é submetido a esforços repetitivos, aos mesmos problemas quase que diariamente. Temos, porém, o poder de compensar a fadiga do dia-a-dia reconhecendo nossas pequenas vitórias. Dando ênfase ao que de bom acontece e atribuindo valor ao que temos e que nem percebemos.

Este é o enfoque que devemos dar à vida. Gosto muito de uma fábula a respeito do caçador perseguido por um urso na floresta. De repente, já bem cansado, ele vê um morango irresistível bem em cima de um barranco. Ele terá que parar para subir o barranco e arriscar ser devorado pelo urso. Resolve então parar, subir o barranco, comer o delicioso morango e só depois avaliar o que fará em relação ao urso.

Sempre haverá ursos, mas se volta e meia não pararmos para saborearmos os morangos, tudo que enxergaremos serão os ursos. Os morangos, coitados, ficarão lá sem serventia, à espera de que possam ser o combustível para recuperar uma fadiga passageira.

Tão importante quanto comer morangos é ter consciência que existem ursos. E que temos que enfrentá-los. Viver sob a ilusão de que não existem pode levar a uma jornada de poucas realizações pela incapacidade de aplicar suas defesas.

Admiro os que transformam ursos em morangos. É um dom raro. O trabalho, por exemplo, pode ser considerado um urso que enfrentamos todos os dias. E se não for? Imagine que maravilha. Só morangos, só morangos. Prazer e trabalho lado a lado, sem diferenças. Ainda chego lá.

Coma morangos de vez em quando, mesmo com um urso na sua cola. Isso fará a diferença entre colapsar pela fadiga e se tornar cada vez mais resiliente aos ataques dos ursos.

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La Chascona nossa de cada dia

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Viajar transforma, alimenta, soma. Tivemos a felicidade de ir a Santiago e conhecer La Chascona, uma das três casas que abrigam a história de Pablo Neruda.

Nessa casa Neruda viveu momentos especiais com Matilde Urrutia. Em seu início, momentos secretos com sua amante. Mais tarde, uma relação intensa com sua companheira derradeira. A mesma Matilde, terceira esposa, musa maior.

Aliás, a casa tem esse nome em alusão a seus cabelos, encantadoramente revoltos. O termo Chascona vem do vocabulário quechua. Significa desgrenhada, despenteada. Ele a tratava por medusa também:

...

En Italia te bautizaron Medusa

por la encrespada y alta luz de tu cabellera.

Yo te llamo chascona mía y enmarañada:

mi corazón conoce las puertas de tu pelo.

...

A paixão que Neruda nutriu por Matilde foi uma das molas propulsoras de sua obra. A paixão nos faz produzir, encarar os desafios com a mente estimulada, acesa, criativa.

Projetos de vida, ideais, são paixões tão marcantes quanto romances. No caso de Matilde e Neruda, tiveram um encontro rápido 3 anos antes de começarem seu caso de amor. Então conviveram secretamente por mais 6 anos até finalmente poderem espalhar pro mundo sua linda história.

Durante o tempo que conviveram em segredo, Neruda a citou em vários poemas e livros, de maneira subliminar, declarando-se a cada verso, a cada parágrafo. Em outras obras aparecia um pouco mais óbvia, arriscando o sigilo, quase quebrando o encanto. É possível imaginar sua mente levitando ao esperar pelo próximo encontro. E sua mão descarregando a paixão no papel.

Quem nunca provou o gosto de uma paixão arrebatadora, incontrolável, mas totalmente fora de contexto, impossível? Uma viagem solitária quando os filhos clamam por atenção? Uma troca de profissão quando se descobre, meio sem querer, o que realmente lhe completa, mas que implica jogar pro alto todas as conquistas e recomeçar?

Então por que não, como Neruda, sentir intensamente seu gosto e guardá-la com cuidado pro momento certo? Por que não transformá-la no seu combustível, na sua motivação? Dar tempo ao tempo, mas não extirpar de vez a opção maravilhosa, a dádiva que lhe foi entregue.

Quem dera todos se permitissem viver essas paixões e não as descartassem como se fossem algo ruim, frustrante. Aceitar que a inviabilidade do momento irá se transformar na semente de algo bem maior. Acolher e embalar o sonho, mantendo a realidade também viva, embelezada pela possibilidade daquilo que já foi provado e aprovado. Inclusive misturando o desejo a sua obra de vida, construindo aos poucos o castelo, sua irresistível utopia, sustentado pelos alicerces da alma.

La Chascona pode ser um mantra. Uma oração. Um alívio. Uma esperança.

La Chascona pode transformar seus dias.

La Chascona nossa de cada dia.


(observem o detalhe do perfil de Neruda nos cabelos de Matilde. Foi um presente do pintor Diego Rivera a Matilde quando Neruda ainda era casado com sua segunda esposa, Delia del Carril, revelando sutilmente seu romance)

A saudade, a esperança e a atitude

Por Carlos Eduardo do Nascimento

A esperança de novos tempos, de novas opções, da confiança de que tudo pode melhorar, ou que pode voltar a ser o que já foi. A nítida sensação de que podemos realmente mudar é o estopim. É o empurrãozinho que precisamos.

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Para alguns pode ser a primeira vez, pode ser que não tenham vivido nada igual, então vem a insegurança, a incerteza. Será que preciso disso? Será que será melhor do que é hoje? Já está tão bom, tão acomodado. Pra que mudar? Valerá a pena romper o presente, tão certinho?

Outros já viveram e experimentaram dias melhores ou piores e tem certeza que será, sim, bem melhor. Tiveram a oportunidade de comparar melhores momentos com os atuais. Já sofreram e batalharam para melhorar. Já passaram, inclusive, por apertos e lembram de como foi longo o processo para perceberem a necessidade da mudança. Muitas vezes, a alteração do estado das coisas é imperceptível, sutil. Tanto a melhoria quanto o desgaste nem sempre são perceptíveis a curto ou médio prazo. É preciso, muitas vezes, enxergar as tendências e trabalhar preventivamente.

Mas quebrar paradigmas, levar um sonho adiante, assim, do nada, não é fácil. Conhecimento, habilidade e atitude. Esse modelo já é bem batido, mas pode ser aplicado tanto no meio empresarial, na carreira, quanto no âmbito pessoal. Será que sei o que é ser feliz? Sei o que fazer para concretizar aquela viagem tão desejada? Quero realmente realizar estas mudanças?

Dar o primeiro passo, alçar o primeiro voo, se manifestar. Atitudes que para uns pode ser naturais. Já para outros trazem em si doses de risco que podem travar sua iniciativa.

Vai uma dica: mude. Assuma riscos. A oportunidade é esta. O destino só chega para os que fazem por merecer, para os que sentem na pele a angústia da incerteza, mas a superam com determinação e atitude.

Eu já mudei, já conquistei, já perdi. Algumas vezes também travei, desisti. Nestes casos também tenho certeza que perdi, pois nem experiência acumulei. Apenas sonhei, não vivi.

E você, vai ficar aí parado? MEXA-SE!!!

Brasil maltrapilho

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Cena da manifestação em Curitiba (01/11/14). Bandeira surrada, vestida com orgulho, com dignidade, altivez. Por mais surrado que o Brasil esteja, por mais cansados que estejamos, temos o dever de continuar acreditando.

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A peteca às vezes cai, reconheço. A vontade nem sempre é a mesma. O cansaço bate de frente. Mas não ao mesmo tempo com todo mundo. É importante compartilhar, participar, incentivar, mesmo que não estejamos em condições de atuar diretamente. O seu alto astral pode levantar alguém em um momento difícil, e vice-versa.

Se você está desiludido, descrente no sistema, pode ter certeza que não é o único. Isto acontece com a maioria. O dia-a-dia, a rotina, as obrigações, tudo contribui para isso. Produzir, ter atitudes corretas, com certeza é mais difícil que dar aquele jeitinho. O atalho é mais fácil, mas o resultado é precário, artificial, efêmero.

Meu conselho é começar devagar, mas conscientemente. Sem pressão, sem ter que assumir mais compromissos. Simplesmente comece. Pode ter certeza que você vai fazer a diferença

Vamos ajudar a reformar nossa bandeira através do exercício da cidadania. Na fila do banco, no trânsito, na escola, em casa, no supermercado. Não feche os olhos para os pequenos atos de injustiça, envolva-se. O que às vezes pode parecer óbvio para você, nem sempre é para boa parte da população. Por muitos anos temos queimado nossas referências, invertido valores. Pense que você pode ter sido privilegiado e ter tido uma formação adequada. E a arma principal é o exemplo. Faça questão de, didaticamente, fazer o bem e estimular o mesmo gesto. Não precisa ser chato para agir assim. Seja sereno e justo. Mas quando não for possível, seja apenas justo.

Eu não havia percebido, mas a imagem também traz um pai e uma filha vestidos de branco. Imagine o que esta menina não aprendeu neste dia? Paz na roupa e atitude na vida, com o pai ao lado.

Alguns de vocês já devem ter escutado seus filhos falando: "Olha a (o) mãe (pai) de novo, lá vem mico". Mas não desistam. Eles observam e absorvem tudo, um híbrido de coruja e esponja. Pequenos gestos vão gerar grandes cidadãos.

Eu acredito que essa bandeira, mesmo surrada por ora, voltará a ficar maravilhosa, perfeita. O que parece hoje maltrapilho será novamente elegante, vistoso. Basta que façamos nossa parte. Por mais insignificante que possa parecer.

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Nem tudo que parece, é (As aparências encantam)

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Será que é? Eu acho que não ... e você?

Olhe bem, chegue mais perto. Abra a janela, deixe a luz entrar e arregale os olhos. Toque, use outros sentidos. Será que é isso mesmo? As aparências enganam. E encantam.

Todos afirmam que é. Afinal de contas, foi uma prima da cunhada da vizinha que disse que era. Mas você mesmo viu acontecendo? Foi testemunha ocular?

Vou insistir, eu poderia jurar que não é. Ué? Mas eu também não vi. Como posso afirmar? Eu sou mais um dos que só acham. Você vai confiar em mim? Eu não confiaria. Mas eu não sou você. E então? É ou não é?

Eu se fosse você investigaria, iria atrás de evidências, consultaria especialistas. É bem provável que já tenham passado pela mesma experiência. Mas tome cuidado, pois às vezes as evidências também enganam. Os cenários mudam, as variáveis são preenchidas com outros valores. Esse momento é único.

Permanece, portanto, a dúvida. A bendita dúvida. Essa danada. Ela que nos faz desistir ou avançar, dependendo de nosso espírito, do que está em jogo. O que você vai fazer? Vai apostar ou vai desistir?

E se errar? Errando ou acertando, o negócio é tentar. Se for, tudo bem. Se não for, fazer o que? Aprender é a resposta.

Pelo menos analise. Gaste um pouquinho de fosfato pra decidir se é ou não é e vá em frente. Mesmo que o resultado prático desta decisão seja permanecer no estado atual das coisas. Pelo menos você estudou, avaliou as alternativas e decidiu.

Não dá pra ficar só no achismo. Só assim vai aprender. Só assim vai crescer. Só assim vai transformar!

E, como diz Salomão Schvartzman, seja feliz.

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Cansaço

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Nesse mundo "pra ontem" nos é permitido sentir cansaço? Não ter vontade de realizar? Isso não é sinal de fraqueza?

Não sei. Definitivamente, não sei. Qual o peso do cansaço? Quanto custa? Tenho percebido que muitos fazem muito mais que eu, se divertem muito mais que eu, realizam muito mais que eu, viajam muito mais que eu.

E isso acaba me fazendo ficar ainda mais cansado. Com a nítida impressão de que o segundo que passou foi desperdiçado.

Será? Me faz lembrar do ócio produtivo. Ah, o ócio produtivo!

Tá bom, achei a resposta. Não é cansaço, é ócio produtivo. Tô mais tranquilo. Vou tirar um cochilo.

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Fazer o bem, só isso.

Por Carlos Eduardo do Nascimento

A vida é um espelho? A corrente do bem dá voltas? Sempre existe a compensação, a recompensa?

É muito pouco provável que o conta-corrente do comportamento humano zere. Ou seja, não espere que o bem que você faça volte, direta ou indiretamente. Pense que o bem que você faz cai direto em sua conta na forma de uma consciência tranquila.

Diria que quando fazemos o bem, a regra é que ele não volte na mesma moeda, às vezes até nem volta. O importante é fazer o bem, sem a pretensão do retorno. Se fizermos pensando desse jeito, talvez seja até melhor não fazer.

Para mim, a vida não é um espelho, é uma sala repleta deles, todos em ângulos bem variados, de modo que tudo que fazemos vai refletir, vai transformar algo, mas não necessariamente voltará.

Portanto, faça o bem pura e simplesmente por acreditar que seja a coisa certa a fazer.

Não julgue o motivo pelo qual a pessoa, instituição, ou quem quer que seja, precisou de sua ajuda. Seja justo, avalie apenas se fará a diferença naquele momento. E de preferência tente transformar este ato em algo construtivo, fazendo com que o ente beneficiado consiga se levantar. Deste modo, ele próprio terá condições de ajudar outros em situação de dificuldade.

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Premeditando a felicidade

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Um atleta de alto nível simula em sua mente os momentos decisivos da disputa. Pensa e repensa o que vai fazer em cada momento, chega a sonhar com isso. Cada passo é planejado, imaginado. Pode antever, inclusive, os movimentos do adversário.

Dá pra fazer a mesma coisa com a felicidade? Fazer os movimentos necessários pra dar de cara com ela? Dá pra prever o que a vida vai nos oferecer?

Se isso ... então aquilo. Simples assim? Se passar no vestibular ... Se terminar a faculdade ... Se encontrar a pessoa certa ... Se fizer intercâmbio ... Se não for promovido ... Se não conseguir guardar aquela grana ...

Vale a pena antecipar as decisões? As variáveis são muitas, os cenários mudam, as pessoas mudam, tudo muda o tempo todo, como diria Lulu. O mapa de decisões é muito complexo. A gente tem que mapear tudo? Ou dá mais certo encarar as decisões como a subida de uma escadaria, de degrau em degrau? Eu, se fosse você tomaria uma decisão por vez, avaliando as alternativas assim que elas aparecem, com o cenário definido naquele momento, com tudo à vista, aberto, claro.

Antecipar os problemas é conviver com eles quando ainda nem deram o ar da graça. Antecipar as soluções é correr o risco da frustração caso não sejam viáveis quando for a vez de lançar mão delas.

Então? Será que o caminho não é mais importante que a chegada? A estrada é cheia de dúvidas. O grande macete ao chegar numa encruzilhada é ter o máximo de recursos para tomar sua decisão: amigos, experiência, intuição, paixão, conhecimento, vontade, habilidade, improviso, coragem, medo, ímpeto, precaução, paciência. Saber o que vai querer encontrar ao final da próxima estrada também ajuda. Uma coisa de cada vez.

Se encontrar um pedacinho de felicidade no meio do caminho, aproveite. Não deixe pra desfrutar só no final. Aliás, quem disse que o final será tão espetacular assim? É bem possível que aquela amostra de felicidade que parecia tão pequenininha era o momento especial que a vida havia lhe reservado. Preste muita atenção nela. Saboreie como se fosse a última.

É muito parecido com "deixa a vida me levar", mas com a vantagem de quem valoriza o caminho, de quem sabe que é importante estar preparado para tomar decisões, fazer escolhas, no momento certo.

O final? Quem sabe?

Gangorra da saudade

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Na maioria das vezes a saudade é serena, uma visita agradável. Tem um gosto especial, adocicado. Uma memória do bem, leve. Recordação do que foi e que tem todas as condições para voltar a ser.

Mas às vezes se manifesta teimosamente triste. Cheia de por quês. Procura uma razão pra existir, pois não se conforma com o fato de que aqueles momentos acabaram. Traz desalento, quase descarta a possibilidade de revivê-los.

A gangorra serenidade-tristeza é intrigante. Por que a lembrança de algo tão bom pode nos causar sensações tão distintas? A resposta pode estar em como estamos consigo mesmos. Os momentos de euforia, de realização, frequentemente nos fazem sentir aquela saudade boa, complemento àquilo que estamos vivenciando.

Por outro lado, quando as coisas não estão muito bem, a tendência é que enxerguemos apenas o lado triste da saudade. Mas prefiro utilizar a saudade justamente pra aliviar os momentos ruins, recordando com alegria o que já pude sentir. Saber que sou capaz de experimentar novamente aquelas sensações.

Portanto, antes de descartar esse sentimento tão especial, analise seu momento. Aquilo que de maravilhoso lhe aconteceu no passado deve continuar sendo uma memória positiva. Algo pra ser lembrado com carinho e que se almeja repetir, com toda intensidade.

Reconheça em si a capacidade de aquecer suas memórias. Para tanto, antes de tudo, alinhave-se com fios de felicidade, força e esperança, tramando um tecido resistente, bonito, aconchegante. Depois abrace sua saudade como um manto e a carregue bem juntinho de si pra que sirva de agasalho nos momentos em que sua alma estiver tremendo de frio.

Anamnese do querer

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Uma viagem, uma onda, um basquetinho, uma gargalhada gostosa, uma viola, um chocolate, uma lua, um vinho, um beijo. A dúvida também pousa nas coisas boas da vida. E boa parte das vezes a gente ajuda, pensando e repensando, remoendo, mastigando e não saindo do lugar.

Vamos lá ... Senão, vejamos: quando acontece vale a pena? Deixa um gosto bom? Alivia a vida? Tem que durar, ser perfeito? É forte? Você ri à toa quando lembra? Faz sentido reviver? Tá fazendo falta? Não sai da cabeça? Tem saudade? Saudade boa?

Um montão de perguntas. Mas não precisa responder tudo, as principais você sabe muito bem quais são. Então responda e vá em frente, enfrente.

Descomplique.

Erro

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Termo forte. Conclusivo. Um resultado. A base de algo, um início também.

Ora causado por indecisão, procrastinação. Ora surge do impulso, prepotência, autosuficiência. Ora foge de nosso domínio, algo externo o provoca.

Quando vem do fazer, menos mal. Melhor agir, com certeza.

Se é resultado de açodamento, frustra. Não deu pra avaliar, medir, desenhar e decidir. Faltou algo. Se provém de excesso de análise, de preciosismo, dá a impressão de que queimamos tempo à toa. Faltou perspicácia, foco.

Arrependimento, melhor não. Mesmo no vácuo da ação, mesmo no vazio.

Se serve de mola, alivia, soma. O volume de erros supera em muito os acertos. E assim deve ser. É sabido que o erro ensina muito mais.

Perguntas se sucedem. Quanto mais, mais rico o aprendizado. Fiz? Deixei de fazer? Decidi? Deleguei? Subestimei?

Respostas também. Aquilo que era certo, preciso, não era bem assim. Devia ter percebido os sinais. Não eram claros. Cinza era a cor. A dúvida persistia.

Olhar pro erro e enxergar a si mesmo, sem rodeios, cru, escancarado. Enfrentar o bendito que não te deixa sossegado. É um cara teimoso.

Vai que, de quebra, ele aponta o caminho? Vai que lhe pega pela mão e faz atravessar seus medos, enterrar de vez suas desculpas, suas muletas?

Que tal montar um painel com todos os seus erros? Tenha certeza que valem infinitas vezes mais do que seus troféus. São sábios, persistentes, lastros eficazes.

E a cada vez que os encarar, lembre-se do quanto aprendeu. Digira um a um, por mais doloroso que seja. Eles estarão ali pra lhe trazer pro chão, pra lhe alavancar e sustentar seu crescimento.

Enriqueça sua galeria. Nunca deixe de errar.

Tabela, aro e bola

Por Carlos Eduardo do Nascimento

Encontro mágico, esse. Toda vez que entro na quadra começa uma conversa intensa. Eu, a tabela, o aro e a bola.

Cada um com seus argumentos. Se engana quem acha que aro e tabela são estáticos, frios. A cada arremesso o aro se prepara, se ajeita. É generoso ou teimoso, dependendo de quão atraente ou dissimulada é a bola. A tabela, por sua vez, veste-se de uma combinação de conforto e rigidez, mesclando um ato conjunto de rebeldia ou benevolência com seu par, o aro.

Pobre da bola, pretensamente comandada por minha mão, que tem como destino esse par de atores temperamentais. Impulsionada com carinho, às vezes desespero, falta de jeito ou até rispidez, a bola tem um tempo pra se preparar. Está prestes a protagonizar o desfecho um lance. Estaria o aro receptivo? Quem sabe com a ajuda da tabela então? Brincaria ao redor do aro, até convencê-lo a ceder?

Durante sua viagem mágica a bola ainda tem que ultrapassar predadores. Em sua trajetória ascendente pode ter frustrada a caminhada por um toco assassino. Bem perto de seu objetivo, enquanto quica entre aro e tabela, uma outra mão boba ainda pode lhe maltratar. Obstáculos vencidos, ele se prepara triunfante pro seu ato final.

Putz, como pude esquecer da redinha? Aconchego final da bola, tem o carinhoso papel de amortecer. Como um bandeirada, sela o esperado ato do ponto. Ah, e quando o chuá acontece, não há som melhor de se ouvir. Alinhamento entre trajetória e aro, tem a bola como mensageira. Simplesmente perfeito.

Descrito o ato da cesta, volto pra mim e a bola. Quanta conversa se trava, quanto conselho se troca, quanto problema se esmaga? Às vezes a bola fala demais, aporrinha também. Mas, confesso, me conhece como ninguém. Me desmonta direto. Responde com pergunta, tagarela, desafia. Teima em escancarar o que sei, mas reluto, combato com todas as minhas forças. Vou capitular de novo, não tem jeito. Essa camarada é implacável. Aliás, ela sempre tem razão.

Mas tem o momento perfeito. A sequência de acerto, a sintonia fina. Mão, mente e bola. Um transe, um mantra. Desde o quicar até o voar. Cabeça alinhada pro chute, uma mão direção, a outra, força. A testa como guia, bola escondendo o alvo, o aro. Nem preciso ver, sei decor, ele está logo ali, fiel. Movimento reflexivo, involuntário, sai a bola girando, trajetória suficiente, certeira.

Louvo esse trio, ou melhor, esse quarteto, com a redinha. Generosos, imparciais, acolhedores, sinceros, diretos.

Mais que parceiros, têm sido meus terapeutas. Disponíveis e prestativos, me transformam a cada sessão.

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